A violência é uma vilã de muitas faces. No caso da violência especificamente contra a mulher, essa se torna, além de multifacetada, também
omitida e constantemente normalizada, isso deve-se a inúmeros fatores, entre
eles, a cultura brasileira que ainda é amplamente machista e misógina, além da
omissão de muitos casos por conta do medo de denunciar que muitas mulheres
ainda possuem.
Em um país onde o maior evento cultural é uma festa que
sexualiza e objetifica mulheres de forma imensa e majoritariamente aceitada
pela população local e aplaudida pelo turismo internacional, não é surpresa que
a violência seja normalizada na maioria das famílias. Uma expressão que ilustra
bem esse fato é a famosa: em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Além da normalização dessa violência, há também a ideia de essa sempre será
justificada por alguma atitude oriunda da mulher, não obstante a violência
física, outros tipos como a psicológica, que é vista de forma profundamente
caricata e a sexual, que é a mais omitida dessas, levam também o encargo de que a
culpa é da mulher.
Com uma cultura misógina não é estranho que embora o número
de denúncias venha crescendo desde a criação da Lei Maria da Penha, essas ainda
estão longe de apresentarem o real número de casos que ocorrem no total. Muitos
fatores levam a mulher a hesitar em denunciar a violência, dentre eles, os
filhos que muitas vezes sofrem junto com a mãe os efeitos dos maus-tratos, a
dependência financeira que muitas ainda possuem frente a seus cônjuges e o
mais assustador, o medo do que possa vir a ocorrer quando o abusador descobrir
sobre a denúncia. Milhares de mulheres morrem por conta de "uma queda da
escada", "um acidente na cozinha" ou então um "homicídio misterioso", o
medo de denunciar aumenta e mascara a violência de cada dia.
Para que a violência contra as mulheres diminua deve haver
uma mudança institucional e até mesmo cultural no Brasil, a imagem que estas
mulheres têm de si mesmas precisa ser renovada e melhorada, o que poderia vir a
ajudar na minimização deste quadro seria o aumento das campanhas em bairros
periféricos, onde essa violência ocorre de maneira majoritária e também no
lugar em que o número de denúncias ainda não é muito expressivo, o ministério
da cultura, como ONGs e instituições engajadas na causa devem auxiliar nessas.
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